[Texto enviado quarta-feira, dia 6 de Dezembro, por e-mail para o Correio do Leitor do Destak. Todos os textos seguintes são em resposta a ESTE artigo do Correio do Leitor]

Caro Sr. Luís Pires
Venho apenas dizer-lhe que, um dia em que (você e os seus) precise de ser internado num hospital (o que não lhe desejo de maneira nenhuma, principalmente por ter pena dos Enfermeiros e Médicos que tenham de o atender e cuidar), perante a situação se lembre daquilo que escreveu ("o teatro dos enfermeiros" no correio dos leitores) aqui neste espaço, com o título de "o teatro dos enfermeiros", pois talvez nesse dia perceba o porquê da necessidade de haver uma licenciatura em Enfermagem! Se bem que talvez não perceba... Não quero com isto dizer que não existam Enfermeiros que, apesar de sem a licenciatura, não sejam óptimos profissionais, mas praticamente garanto que até eles devem achar o que você escreveu completamente ridiculo... pois concerteza, ao contrário do sr, eles já teram ouvido falar de "evolução para melhor", e concordam de certo com ela.
Quanto ao assunto das razões ou não para a greve e para as medidas que se devem ou não tomar, não o vou discutir aqui, e muito menos consigo, pois não me chegam as palavras e o tempo.

Ana e muitos alunos de Enfermagem, de todo o lado.

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[Os textos seguintes são retirados dos comentários do blog]

Em jeito de reflexão
Primeiro queria saudar o Sr. Pires por conseguir expressar uma opinião de um assunto que pelo que demonstra tem um grande défice de conhecimento. Gostava de referir também que considero que esta carta se baseia em “alicerces de areia”.
Para que numa futura opinião não cometa erros vou dar-lhe os alicerces de que precisa.
Desde que a primeira pessoa cuidou de outra, pode-se afirmar que surgiu a enfermagem.
Segundo Adam (1994:15) “(…) a enfermagem remonta já à idade das cavernas, altura em que a mulher já fazia curativos ao homem que se ferira na caça.”.
Há quem diga que a enfermagem nasceu com Florence Nightingale, embora esta disciplina seja tão antiga como a própria medicina.

O cuidar é então a essência da enfermagem em todas as suas vertentes. Com a introdução deste novo conceito nas escolas de enfermagem, esta começou a distanciar-se dos outros serviços sociais e adquirindo ela própria um caris teórico.
Segundo Watson (2002:95) “À medida que os modelos e práticas de enfermagem continuam a ser clarificados, em evolução e a serem mais consistentes com as suas teorias, filosofias e valores, a enfermagem torna-se numa profissão de saúde-cuidar-curar, mais distinta.”.

Actualmente está-se a dar mais um passo na evolução do cuidar em enfermagem e além de a pessoa ser vista como um ser individual como era referido no holismo, esta tem ainda o poder de interferir e decidir a par do enfermeiro, os seus cuidados.
Actualmente o enfermeiro não desempenha apenas um papel importante na prestação de cuidados directos, tem também uma acção importante noutras áreas ligadas á saúde, tais como o ensino, a gestão hospitalar e a investigação em enfermagem. Com isto a enfermagem torna-se assim imprescindível na sustentação de um adequado sistema de saúde.

Segundo Roper (1995:8) “(…) os enfermeiros são muito procurados não apenas para efectuar uma enfermagem directa, mas também para ensinarem, gerirem e mais recentemente efectuarem pesquisa sobre a enfermagem.”.
Mediante tudo isto diga-me Sr. Pires continua a achar que a Enfermagem não é uma disciplina para ser ensinada ao nível universitário de licenciatura? Recordo-lhe que isto é só a ponta do iceberg do conhecimento que suporta a profissão de enfermagem. Poderia realizar-lhe um maior esclarecimento recorrendo a outra bibliografia mas isso não seria possível por esta via.

Quanto à questão de dar formação aos Auxiliares de Acção Medica, não acha que se fosse dada esta formação a estes se tornariam enfermeiros?
Será que gostaria de ser assistido por uma pessoa com 65 anos, que depois de uma vida de trabalho que requer grande esforço físico e intelectual não está certamente 100% disponível para lhe prestar cuidados de excelência?
Será que não iria escrever nova crónica de opinião a criticar os maus cuidados de que foi alvo?

Isto são apenas algumas questões que lhe deixo para reflectir e para que não torne a realizar comentários de opinião com bases tão pouco sólidas.
Agora caro Sr. Pires, normalmente não falamos do que não sabemos, porque ao entrar nessa via em vez dos cidadãos de 1ª e 2ª que refere, tornar-se-á um cidadão de 3ª.

Pedro Aguiar - Aluno de Enfermagem do 4º ano

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Comentário
Em primeiro lugar quero agradecer, sim agradecer, a este senhor ter escrito este comentário. Não que seja da mesma opiniao, nem de perto nem de longe pois ate sou uma estudante de enfermagem, mas sim pelo facto do sr ter mostrado que em pleno seculo XXI ainda há pessoas que demonstram uma profunda ignorancia acerca da realidade dos profissionais de saude. Realmente, se pensarmos bem... para que andar a estudar durante 4 anos como cuidar das pessoas.... que tecnicas aplicar para evitar que uma vacina mal dada deixe alguem paralitico, entre outros numerosos exemplos que poderia aqui enumerar.

À que clarificar que a enfermagem é um curso com uma grande base cientifica e nao apenas fazer as tarefas que o sr ai enumera. ninguem diz que os srs enfermeiros com a 4a classe nao sejam competentes mas a profissao, como qualquer outra evolui. e nao e essa a essencia do ser humano?
Nós estamos em constante evolução e isso é o que nos faz seguir em frente.
Pergunto ao sr Luis: Se estivesse numa cama a precisar de cuidados constantes nao iria gostar de ser tratado e cuidado com o maximo d competência?
Ou por acaso esta a espera que o medico passe consigo a noite a ver quando lhe doi alguma coisa? Porque se esta a espera do médico bem pode esperar e esperar....ou ainda melhor... se por acaso algum dia precisar de ajuda para se levantar de uma cama ou para se movimentar.. se calhar vai gostar de ser tratado por um enfermeiro de 65 anos que mal pode com ele pois esta profissão e de um tremendo desgaste tanto fisico como psicológico.

Não fazemos "birrinhas" as greves não são um "teatro". estamos a lutar pelo que e justo e que vai afectar directamente todos e quando digo todos e a comunidade em geral. afecta me a mim enquanto futura enfermeira, afecta os enfermeiros actuais e afecta tambem o sr luis que um dia podera precisar de cuidados medicos e de enfermagem e quando isso acontecer vai querer ser tratado da melhor forma e com competencia. talvez nesse dia valorize o trabalho dos enfermeiros. é triste ver que ainda ha pessoas que demonstram tanta ignorancia...

Estudante de Enfermagem, 1.º ano