Entrevista sobre portugueses mortos no Brasil
«Brasil em luto dá cada vez menos valor à vida»
Entrevista. À conversa com o Destak, o criminalista José Barra da Costa analisa os assassínios de dois portugueses no Brasil. O antigo inspector-chefe da PJ compara ainda os sequestros da austríaca Natascha e da pequena Joana.
por Manuel Geraldo
Como classifica os assassínios dos dois portugueses no Brasil: um estudante universitário na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e uma antropóloga em plena Amazónia?
A segurança pública é uma questão prioritária. No Brasil vive-se no medo, dado que os brasileiros não contam com a protecção que deveria advir do aparente processo democrático iniciado há algumas décadas. Os condomínios cercados por grades fortificadas e protegidos 24 horas por seguranças particulares contrastam com comunidades que não dispõem de recursos e são abandonadas pelo Estado. As periferias urbanas e o interior marginalizado são territórios sem lei.
Ora é neste clima que devem ser entendidos os homicídios de André Bordalo, na Praia de Copacabana, e da Vanessa Siqueira, no interior da Amazónia. No primeiro caso um toxidependente esfaqueou em plena cidade um jovem estudante para lhe roubar a mochila, no caso da académica um criminoso institucionalizado violou-a e assassinou-a sem um móbil aparente. Num país em luto permanente, sem valores, cada vez se dá menos valor ao valor por excelência, que é a vida.